quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Intervenção Urbanística e a Restrição à Cidadania




A partir dos anos 50 inicia-se um processo de fluxos de mercadorias, investimentos financeiros e informações, deixando predominar a competição e fortalecendo a atração de capitais que circulam pelo mundo. Essa situação interfere também na gestão das cidades, a qual está havendo uma mudança de gerenciamento para empresariamento na administração destas, ou seja, uma parceria entre as esferas pública e privada. Há a utilização do poder público para atrair investimentos externos e até gerenciamentos de emprego.

Para a conquista de investimentos é necessário uma boa imagem da cidade a qual o investimento se destinará, o que se chama de city marketing, a fim de promover a cidade e seu planejamento urbano. O suposto objetivo é de resgatar a integração das pessoas com a sua cidade com conforto, segurança, adaptações na calçada, iluminação entre outros aspectos. Porém, ao mudar o espaço, mudam-se também as relações materiais e culturais de uma cidade. A partir daí observa-se que ao reordenar os espaços um novo condicionamento do "ir e vir" é criado. Com isso, agrega-se o fator da inibição do uso público do espaço, que mesmo com repressão policial ou não, passam a ideia do local como um espaço seletivo, gerando assim, um contraste social.

O artigo que faz menção a esse fato é o "Projeto Rio Cidade: Intervenção Urbanística, Planejamento Urbano e Restrição à Cidadania na Cidade do Rio de Janeiro", de Márcio Piñon de Oliveira. O texto pode ser encontrado no site de plataformas científicas Scielo e aborda sobre projetos que oferecem bens e serviços à todos, e até melhorias em bairros mais humildes, mas com a verdadeira intenção de maquiar a realidade, atrair o olhar estrangeiro e acabam, por fim, excluindo uma grande parcela da população, seja impedindo acesso ou até mesmo retirando seus ambientes de trabalho, no pretexto de reforma, sem reparação.

Cabe ao cidadão se questionar se é esse tipo de intervenção que move a cidade para um patamar melhor, se essas reformas realmente são em nome de um bem maior que é a coletividade. O que se pode observar é uma verdadeira desigualdade e, nesse contexto de reforma, o asseguramento de contrastes e imposição de novos locais e restrições.

Camila Santos




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